18 octubre 2010

Fernando Fiorese



Fernando Fábio Fiorese Furtado (1963), brasileño de Minas Gerais, poeta, narrador y ensayista, es profesor de Teoría de la Literatura en la Universidad de Juiz de Fora.

Desconozco el panorama global de la poesía brasileña actual, pero la voz poética de Fernando Fiorese me parece de lo más interesante que he leído en portugués en los últimos años. Formó parte del grupo de poetas y artistas plásticos que en los años ochenta editaron la publicación Abre Alas y la revista D'Lira y su evolución se puede seguir en el volumen Corpo Portátil (Escrituras Editora, São Paulo, 2002), que recoge su poesía entre 1986 y 2000.

De Papéis Avulsos, la segunda parte de su Pequeno Livro de Linhagens (1997-1998) es esta

CARTA ABERTA
Ao anagrama Magog

aos que de mãos impolutas assinam a miséria

aos que preferem o bunker ao abismo
aos que propõem civilizar o coração selvagem
aos que no teorema petrificam o poema

aos que não riem do dicionário

aos que emplumam o cão
aos que evitam os olhos do inimigo

aos contra-regras do gran teatro del mundo
aos que prefixam o radical

aos que prometem Ítaca sem epopéia

aos que rezam para adormecer o escorpião
aos que não sabem fazer o plural

aos que horizontalizam a paisagem
aos que tomam assento


a todos advirto:

escrever é também vingar-se


Posteriormente, ha publicado en Nankin Editorial y Funalfa los poemas en prosa de Dicionário mínimo (2003) y Um dia, o trem (2008), un conjunto de poemas sobre las imágenes ferroviarias de la infancia que se encomienda a esta cita de Paulo Mendes Campos: A infância é ferroviária. Un libro en el que la melancolía y la memoria se suavizan con la fuerza de la metáfora.

Dejo aquí dos muestras breves del Dicionário mínimo:

janeiro
Janeiro destelha tempo e lugar. Cumula de verbos mesmo um livro doente.

sombra

Está ali desde sempre. Quando convida é para soletrar fantasmas.

El último libro de Fernando Fiorese es aconselho-te crueldade, un conjunto de catorce cuentos crueles que hacen del secreto y la perplejidad una forma de mirar el mundo y de narrarlo. Lo ha publicado en julio de este mismo año en Nankin Editorial y Funalfa, con un texto de presentación de Valentim Facioli, que afirma:

E nesses contos estão as perguntas sobre os enigmas da vida e da arte, a permanente perplexidade sobre o sentido de tudo, das menores coisas, dos nossos atos e gestos, da nossa velhice solitária, da hipocrisia do cinema a que assistimos e comentamos, do nosso ser fragmentado e danificado neste mundo de mercadorias sem fim e, ainda, o futuro, que muito nos ameaça e nada nos promete.